Vida é movimento. Do microcosmo atômico ao eterno espiralar das galáxias, onde quer que haja uma centelha da Criação, há algo que se move e continua perpetuamente em mutação.
Peguei-me questionando, então, por que há tanta gente que se recusa a sair do lugar. Gente que teimosamente insiste em continuar sendo como sempre foi, sem nunca admitir que viver, realmente
VIVER (em caixa alta e negrito!), é assumir que a mudança não somente é necessária, como inevitável.
Há muitas dessas pessoas que "não chovem nem molham" circulando por aí, escondidas na multidão.
Algumas seguem tão fechadas em seus mundinhos que parecem quase invisíveis; é gente digna de pena, cuja passagem pelo Planeta terá poucas consequências porque, ao mesmo tempo em que não fazem bem a ninguém (nem a si mesmas), também não fazem mal. O típico "Zé Ninguém" é, em sua essência, alguém que não muda nunca, por falta de vontade e esforço ou porque, na verdade, não tem mesmo nenhum conteúdo a ser usado como ponto de partida.
Mas o perigo existe. Ele mora nas pessoas que vivem tão ensimesmadas nas próprias "verdades" e "certezas" que, recusando-se a admitir sua própria falibilidade e a necessidade de mudar para melhorar, acabam invadindo o espaço de quem as cerca, negando-lhes o direito à divergência de opinião e ao livre arbítrio.
É gente que "acha" muito, mas pouco sabe. Que tece julgamentos com facilidade, a partir de informações falsas e/ou incompletas. Que se julga dona de todas as respostas, mesmo de questões sobre as quais pouco, ou nenhum, conhecimento tem. Que, na usura de manter-se como é, acaba aprisionada em um universo mitomaníaco auto-infligido ao qual, acreditam, a realidade deve se "moldar" de acordo com seu conforto e conveniência – mesmo às custas do prejuízo de outrém.
Aqueles que são assim podem, obviamente, causar muito estrago à vida alheia. Felizmente, em sua maioria, eventualmente acabam alienando até quem lhes devota carinho genuíno, e acabam na solidão. Pensando bem, também são criaturas merecedoras de compaixão porque, no fundo, têm tão pouco conteúdo quanto os "Zés Ninguém": apenas não admitem o próprio vazio interior e fazem "pose" para disfarçar quão inseguras são.
Quem sabe viver sempre dá boas vindas à mudança e, quando ela não vem, parte em sua busca. Viver é uma aventura cheia de perigos, mas nenhuma montanha russa, afinal, é divertida quando parada no chão.
Mesmo as mudanças que nos colocam em situações difíceis podem trazer dentro de si as sementes do aprendizado – e, ao aprendermos, é inevitável mudarmos para melhor. O "truque" está em ter a sutileza de perceber onde estão as pequenas lições que a vida nos dá e abraçá-las de peito aberto, sem medo das consequências.
* "Eppur si muove" ("no entanto ela se move") - frase supostamente pronunciada por Galileu Galillei após renegar a visão heliocêntrica do mundo perante o tribunal da Inquisição, em 1663.