quinta-feira, 9 de setembro de 2010

 Eppur si muove*


Vida é movimento. Do microcosmo atômico ao eterno espiralar das galáxias, onde quer que haja uma centelha da Criação, há algo que se move e continua perpetuamente em mutação.

Peguei-me questionando, então, por que há tanta gente que se recusa a sair do lugar. Gente que teimosamente insiste em continuar sendo como sempre foi, sem nunca admitir que viver, realmente VIVER (em caixa alta e negrito!), é assumir que a mudança não somente é necessária, como inevitável.

Há muitas dessas pessoas que "não chovem nem molham" circulando por aí, escondidas na multidão.

Algumas seguem tão fechadas em seus mundinhos que parecem quase invisíveis; é gente digna de pena, cuja passagem pelo Planeta terá poucas consequências porque, ao mesmo tempo em que não fazem bem a ninguém (nem a si mesmas), também não fazem mal. O típico "Zé Ninguém" é, em sua essência, alguém que não muda nunca, por falta de vontade e esforço ou porque, na verdade, não tem mesmo nenhum conteúdo a ser usado como ponto de partida.

Mas o perigo existe. Ele mora nas pessoas que vivem tão ensimesmadas nas próprias "verdades" e "certezas" que, recusando-se a admitir sua própria falibilidade e a necessidade de mudar para melhorar, acabam invadindo o espaço de quem as cerca, negando-lhes o direito à divergência de opinião e ao livre arbítrio.

É gente que "acha" muito, mas pouco sabe. Que tece julgamentos com facilidade, a partir de informações falsas e/ou incompletas. Que se julga dona de todas as respostas, mesmo de questões sobre as quais pouco, ou nenhum, conhecimento tem. Que, na usura de manter-se como é, acaba aprisionada em um universo mitomaníaco auto-infligido ao qual, acreditam, a realidade deve se "moldar" de acordo com seu conforto e conveniência – mesmo às custas do prejuízo de outrém.

Aqueles que são assim podem, obviamente, causar muito estrago à vida alheia. Felizmente, em sua maioria, eventualmente acabam alienando até quem lhes devota carinho genuíno, e acabam na solidão. Pensando bem, também são criaturas merecedoras de compaixão porque, no fundo, têm tão pouco conteúdo quanto os "Zés Ninguém": apenas não admitem o próprio vazio interior e fazem "pose" para disfarçar quão inseguras são.  

Quem sabe viver sempre dá boas vindas à mudança e, quando ela não vem, parte em sua busca. Viver é uma aventura cheia de perigos, mas nenhuma montanha russa, afinal, é divertida quando parada no chão.

Mesmo as mudanças que nos colocam em situações difíceis podem trazer dentro de si as sementes do aprendizado – e, ao aprendermos, é inevitável mudarmos para melhor. O "truque" está em ter a sutileza de perceber onde estão as pequenas lições que a vida nos dá e abraçá-las de peito aberto, sem medo das consequências.


* "Eppur si muove" ("no entanto ela se move") - frase supostamente pronunciada por Galileu Galillei após renegar a visão heliocêntrica do mundo perante o tribunal da Inquisição, em 1663.

Fuças do mesmo bando!



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2 comentários:

Labelle® Paz disse...

E como tem gente assim............ Antes eu tinha pena, tentava ajudar, gastava energia ouvindo, gastava energia opinando, e na maioria das vezes, eu acabava me perguntando 'pra quê' ? Tudo para eles, continua na mesma 'mesmisse' de antes. São sempre as mesmas ladainhas, as mesmas reclamações, e esquecem [ou nem percebem] que a vida é curta demais para não ser aproveitada no sentido real da palavra. Bom demais te ler novamente! Não pare de escrever, menina!

Lilly disse...

Ai que bom, você voltou!!

Olha, eu me sinto abençoada por ter a capacidade de mudar SEMPRE! E sinto muita dificuldade em conviver com quem se diz dinâmico mas acaba sempre fazendo as mesmas coisas ou repetindo opiniões e pensamentos, como você tão bem descreveu. Belíssimo texto!
Beijos!!

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