quinta-feira, 16 de abril de 2009

 Alô, alô, Sumaré! Alô, alô, Embratel!


Um divertido bate-papo pelo MSN me transportou, de helicóptero, de volta a um dos momentos mais antológicos e cômicos da minha infância.

Os "quase-enta" como eu lembrar-se-ão de Clube do Capitão Aza, programa infantil da extinta TV Tupi, nos anos 70. Interpretado pelo ator e policial federal (!) Wilson Vianna, o Capitão Aza – auto-intitulado "comandante-em-chefe das forças infantis desse Brasil" – tinha jeito (e discurso) de bom moço e trajava um indefectível uniforme de piloto no qual a pièce de résistance era o capacetão decorado com um "A" alado e encimado por um enorme visor escuro.

Claro que tudo isso parece inacreditavelmente cafona para os padrões atuais mas, naqueles tempos, o programa rapidamente conquistou um considerável público cativo, batendo os índices de audiência de seu concorrente direto, o Global Capitão Furacão. Até porque, ao contrário das apresentadoras platinum blondes acéfalas da atualidade, o Capitão Aza também apelava para os pais, ao transmitir valores como a boa educação, a amizade e o respeito aos mais velhos.

Coisas de uma época mais inocente (ou mais conservadora)...

Ao longo de seus cerca de seis anos de existência, Clube do Capitão Aza transmitiu diversas "pérolas" da teledramaturgia infanto-juvenil que, hoje, são nostalgicamente consideradas sine qua non para a cultura cult, como as séries (não tão) animadas dos super-heróis Marvel (Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Homem Aranha e Namor), os desenhos Pantera Cor de Rosa, Mr. Magoo e Robô Gigante, a "supermarionation" Thunderbirds e o notório, mas maravilhosamente kitsch, Batman de Adam West.

Mas, voltando à razão de ser deste tópico: parte do atrativo de Clube do Capitão Aza devia-se, obviamente, à sua ambientação "aeronáutica". Durante uma certa fase, ainda em preto e branco, o programa era apresentado do interior de um "helicóptero" – na verdade, nada mais do que uma cabine sem hélices que "voava" pela magia dos (d)efeitos especiais. Não que o realismo importasse: naquela época pré 2001 e Star Wars, mesmo o efeito mais "chulé" (ainda) era motivo de espanto, e qualquer eventual lacuna na verossimilhança do cenário era prontamente preenchida pela mui fértil (e pouquíssimamente exigente) imaginação dos telespectadores mirins.

Para nós, aquele era um helicóptero de verdade.

Imaginem, então, a alegria que me acometeu quando meus pais disseram que eu visitaria o Capitão Aza e participaria, como convidada, de um dos episódios de seu show.

Eu iria voar de helicóptero! OBA!

Lembro-me claramente do galpão da TV Tupi, no bairro carioca da Urca. Era um prédio feio, velho, enorme e escuro que, para os meus olhinhos de criança, pareceu tão preto e branco quanto a imagem da TV na qual eu assistia o programa todos os dias. Mas eu esqueci tudo isso quando, ao fundo, avistei o maravilhoso "helicóptero" do Capitão Aza – uma visão de sonho.

A espera me pareceu infindável mas, eventualmente, fui chamada para as gravações. Então, alguma pessoa da produção pegou-me pela mão e fui ansiosamente conduzida para o "helicóptero", dentro do qual o Capitão Aza já me aguardava.


Pausa obrigatória para um momento de suspense.


Ok. Lá estava eu, na cabine do helicóptero, já estranhando a ausência das hélices (eu tinha apenas uns 4 ou 5 anos de idade, mas isso não significa que fosse ignorante). E, claro, nada dele levantar vôo.

As luzes do cenário se acenderam, alguém gritou "Gravando!" e o Capitão Aza começou a conversar comigo, destilando sua costumeira jovialidade. Perguntou sobre minha família (eu disse que meu primos eram meus irmãos mas, tudo bem), minhas brincadeiras preferidas e de quais desenhos eu mais gostava. Entretanto, só o que me importava era ir logo pro céu e voar por entre as nuvens, como ele fazia todos os dias com seus outros convidados!

Foi quando minha paciência acabou e soltei a bomba que desconcertou todos no estúdio e fez com que os patrocinadores fossem imediatamente chamados:


"Mas... Capitão Aza, cadê o helicóptero?"


Naquele dia, uma boa parte de minha capacidade para a credulidade perdeu-se além do horizonte, levada pelas hélices intangíveis daquele helicóptero de mentirinha. Culpa dos adultos presentes, que deviam ter-me informado que era tudo faz de conta.


Fuças do mesmo bando!



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3 comentários:

Lilly disse...

Lembrei muito vagamente... adorei a musiquinha!!!

Anônimo disse...

bah eu nao lembro disso ahaha agrilla

Pat Ferret disse...

Sacaneia, vai!?... Algum dia será você... Rsrsrsrs ;-)

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