quarta-feira, 4 de março de 2009

 Medo do Amor

Ando preocupada. O Amor vem tentando me laçar pelo pé e, sempre que isso acontece, acabo caindo de cara no chão.

Ainda não é um Amor "eterno enquanto dure", digno de arroubos de poesia e canções românticas, mas um amorico: um sentimento discreto, pouco mais intenso do que uma amizade mas já capaz de suscitar aquela ânsia incontrolável de ficar junto que somente os apaixonados sentem e que causa uma tremenda dor na boca do estômago.

De fato, minha gastrite tem incomodado mais, por esses dias.

É só uma promessa de Amor e já apavora!

Não quero amar. Amar dá trabalho, desconcentra, atormenta, extenua. Os apaixonados não têm um instante de paz, pois a companhia de si mesmos deixa de ser suficiente e a solidão não lhes traz mais contentamento. Eles não dormem direito, não comem direito, não se cuidam direito – coisas para as quais tenho um talento inato e não preciso de qualquer ajuda.

Estive livre do Amor durante alguns anos. Nunca me senti tão bem. Nunca fui tão bonita, nem ganhei tantos amigos, nem tive tanto prazer em existir. Agora, o Amor parece ter-se dado conta de minha felicidade e resolveu tirar o atraso, deixando-me doente do corpo, do coração e da alma. O Amor botou abaixo as muralhas, tão arduamente levantadas, que me protegiam das intempéries da vida, e não sei se terei forças para reerguê-los.

O Amor é tão absurda e enlouquecedoramente contraditório que teima em se esconder sob metáforas mesmo sabendo que qualquer máscara, cedo ou tarde, será lançada ao vento pela translucidez de sua essência. Como são fúteis os disfarces do Amor!

Não quero amar. Não quero amar. Não quero amar. Será que, cantarolando o mantra com bastante convicção, consigo afugentar o Amor para outras paragens? Temo, pois sei que amo intensamente demais e, por conseguinte, sofro intensamente demais. E eu sempre sofro, por antecipação e por consequência. Sofro mesmo neste exato momento, e ainda nem é Amor.

São coisas de mulher. Ainda por cima, mulher canceriana.

Não quero amar. Deus me ajude.




E a danada da sincronicidade continua a me sacanear: topei, hoje, com esse texto de Martha Medeiros.

Fuças do mesmo bando!



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8 comentários:

Beth Blue disse...

Sei bem como é este medo, eu estava assim quando literalmente esbarrei no meu namorado quase dois anos atrás!!! Mas acho que não é uma questão de querer amar ou não, quando o amor chega, ele chega e pronto ;-)

E sim, amar dá trabalho, desconcerta, atormenta, extenua mas...não há nada melhor neste mundo do que amar e ser amado. Acredite! :-)

NiNah disse...

Olha amiga.
Martha Medeiros tem sido minha inspiração nesses últimos tempos.
Ela fala umas coisas que fico de cara!
Agora o mantra. Hummm
Sei não.
Vi num filme, acho, amar é sofrer.
Nunca vi uma palavra tão certa, doer sim, pero mesmo doendo é bom. Sei lá sou muito doente... hahaha
Bjo

Lilly disse...

Amei o post, amei a Martha, Olha, discordo na semântica. Eu acho que amor romântico e paixão causam esses desconfortos que você descreveu. Amor mesmo não. Existem graduações de amor, na minha opinião. É aquele post que eu quero escrever mas ainda não saiu. Depois que a paixão vai embora, nasce o amor de verdade, que na minha opinião, além de pleno não dói tanto... sei lá. Eu preciso elaborar a idéia melhor na minha cabeça.

Anônimo disse...

tmb tenho...
há uns 3 anos mantenho-me afastada e pretendo continuar assim por um belo tempo... amar é dedicação, e dedicação é tempo...

deus nos ajude

bjoks

Anhangá Mirim disse...

Dona moça... isso não é amor! É carência. Por isso é que dói e dá medo. Existe uma espécie de estrutura que precisa ser fortalecida, e só então chega o amor. Primeiro vem a coragem, para se auto-conhecer e quebrar antigos vícios e tabus (o vício do apaixonamento, da projeção-amorosa, da dependência emocional... entre eles), depois mais coragem, para afujentar velhos medos (medo da solidão, medo da opinião alheia, medo do abandono, medo das exigências familiares e culturais...entre outros). Aí... mais coragem. Para não mais querer ser dependente de ninguém, e exigir a reciprocidade em igual escala, nunca se anulando, nem cedendo, e sempre trocando. Mais coragem... para começar de novo sem se preocupar (nem exigir) que seja (ou não) para sempre.
Amor de fato, tem tudo a ver com aceitação e admiração pelo outro (inclusive admirar as estranhezas...). Mas esse tipo de tolerância só existe em quem não teme mais aceitar a si mesma. Por isso a turma do divã insiste tanto no tal "amor-próprio", que não é só "se cuidar" mas antes é se conhecer e aceitar plenamente, entendendo que se tem limitações e que isso não é nenhum fim-do-mundo.
Na dúvida, caia de cabeça. Amor não mata nem machuca ninguém. Se há dor, se surgir a dor. é porque tá faltando algo "dentro"de si, nunca fora.
Beijones, Patita!

Anônimo disse...

Faça um favor a si mesma: compre "Fragmentos de um discurso amoroso", de Roland Barthes, e leia.

Cura esse mal, com certeza.

Mais fácil do que definir tudo por um nome, é identificar a natureza do sentir e viver de acordo com ela.

O resto é filosofice, opinião, teoria... enfim, nada q possa dar conta de tantas situaações diferentes quantas há no mundo, e há tantos mundos quanto neste há pessoas.

Use your illusion, don't think about it.

A única pergunta q vale a pena ser respondida, nesses casos é: estou plenamente feliz?

Mas a gente só conseguirá estar assim se puder ter estado feliz sozinho, q é a melhor forma de ser.

Avaliar as coisas o tempo todo só atrapalha a vivência delas.

A coisa é simples: ou alguém serve ou não serve.

Amor exige um mínimo de contrapartida. Se esta não existe, pode ser fixação, paixão, tesão, loucura... tudo, menos amor.

Se quem cremos amar não nos quer como um todo, ou só nos quer de um único modo... cuidado!

Pat Ferret disse...

Noooossa, preciso comentar: é o primeiro post anônimo aqui no blog, e que post de categoria! Chiqueréeeeeesimo! Rsrsrs :-)

(modo "bobagem" on)

Anônimo disse...

Sei bem como é isso... eu vivi essa situação há um tempo atras e me negava, dizendo a mim mesma " eu não quero, eu não posso estar apaixonada"...
hj vejo que isso é a maior bobagem,
eu, qdo aconteceu comigo, me arrependi amargamente de não dizer à pessoa o que eu sentia.
hoje tento viver de acordo com o que sinto.
aproveite o que essa pessoa tem de bom a te mostrar, o que vc pode viver e aprender com ela, isso não tem preço.
o resto, o tempo te dirá.
beijos!!!

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