sábado, 27 de dezembro de 2008

 Ninguém merece (principalmente EU!)...

É "flórida".

Papai Noel deve ter computado meus feitos durante o ano de 2008 e chegado à conclusão de que não fui boa menina* porque, em vez do Hugh Jackman pedido na cartinha que enviei ao Polo Norte, deixou ao pé da minha árvore um problema de saúde inesperado. Felizmente é coisa solucionável, mas os médicos só saberão exatamente como me tratar a partir da semana que vem - afinal, os vírus e bactérias podem não fazer recesso durante os feriados, mas os laboratórios que fazem os exames diagnósticos, sim (e viva o nonsense!).

* Ainda não sei bem se isso é bom ou ruim...

Embora ordens médicas tenham-me enclausurado em casa, aumentando exponencialmente meu tempo livre para atividades online, encontro-me totalmente sem ânimo para tocar este blog. Ficar doente tira-me a capacidade de raciocínio e o bom humor e não acho que vá produzir coisa que preste nas presentes condições.

Receber o presentinho de meu amigo secreto blogueiro foi a luz no fim do túnel de um dia totalmente entediante (a coisa mais animadora que fiz foi "bater" em 5 estrelas todo o modo fácil do Guitar Hero III - Legends of Rock), mas recordou-me de que preciso terminar de escrever o meu presente para a nova amiga que me foi sorteada (sim, é outra moça e, aparentemente, tão boa gente quanto a !). O texto encontra-se parcialmente escrito nos rascunhos do blog, mas reluto em terminá-lo enquanto estou passando tão mal. A energia não seria certa...

Claro que minha amiga nem sabe que eu a tirei, mas não custa registrar aqui o motivo do atraso. Espero recompensar sua paciência com um presentinho a contento, daqui a alguns dias!

Equanto isso, desejo um Feliz Ano Novo a todos os amigos que aparecerem por aqui nesse período de festas. Até porque, como eu não posso aproveitar direito o feriadão, cabe-lhes a obrigação fraternal de se divertir por mim!...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

 Mais de Neil Gaiman!

O filme tem cartazes para cada letra do alfabeto (fofo!).
O "K", obviamente, foi escolhido por conta do gato.


Coraline , o livro, deveria ser infantil – mas seu humor sombrio atrai adultos.
Coraline, o filme, é mais uma adição à minha lista de espera...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

 MAIS U-hu!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

 Amigos Secretos

Esta é a . Vocês entenderão mais abaixo...


Os extremamente tímidos – categoria da qual faço parte de nascença (a não ser que seja possível ser tímido in utero) – concordarão: tentar fazer novos amigos pode ser uma experiência traumática até o osso.

Ainda outro dia, fui criticada por não conseguir manter contato olho-no-olho ao conversar. Pelo que sei, os especialistas em linguagem corporal teorizam que isso pode ser sinal de dissimulação ou mentira; certamente deve haver uma legião de pessoas, por aí, me achando uma falsa "de carteirinha" (pobre de mim) mas a realidade, bem distante disso, é que fico muito acanhada e desconfortável quando me encontro face a alguém que não conheço bem e qualquer possível arroubo de ousadia meu acaba escorrendo pelo ralo (principalmente quando meu interlocutor, ao contrário de mim, esbanja confiança e desenvoltura). É duro admitir mas, infelizmente, minha timidez é tanta que chega às raias da antipatia.

Meus poucos (e mui adorados) amigos verdadeiros são pessoas que, por inteligência, paciência ou pura teimosia, resolveram ignorar as aparências e me dar uma chance de ultrapassar as barreiras impostas pela minha timidez. Isso pode demorar um pouco, mas traz suas recompensas.

Mas o objetivo deste post não é, realmente, me desculpar por ser assim. Eu só quis ilustrar como, para quem é como eu, a Internet pode ser uma ferramenta de socialização essencial. Porque a distância e o descomprometimento dos contatos online abrem espaço para que minha persona virtual "pule a etapa da timidez" e seja muito mais parecida comigo mesma do que a "Patricia" que é apresentada a estranhos em eventos sociais.

Dada esta explicação, fica fácil compreender por que sempre acolho de braços abertos qualquer oportunidade para conhecer gente nova, no ambiente virtual (e a chance de, quem sabe, passar desse conhecimento a amizades de fato). Então, quando minha amiga Ká (do blog Ká, a Rainha do Devaneio) me convidou a participar de um Amigo Secreto Blogueiro, imediatamente me inscrevi, mesmo sendo blogueira novata e não conhecendo qualquer um dos outros participantes ou mesmo seus blogs. Até porque achei o presente combinado pra lá de criativo e apropriado: um post sobre o amigo sorteado.

Minha amiga (não sei se pra sua sorte ou azar) é a , do blog D'Locura (daí a foto mais acima – eu disse que vocês iriam entender!).

O que dizer de Vê? Quem a conhece pessoalmente certamente pode falar com mais propriedade do que eu, mas seu blog já dá algumas boas dicas sobre o tipo de pessoa de que se trata:

Mulher vivida, mas que mantém o bom humor.
Gosta de encontrar os amigos. Preocupa-se com reciclagem (um extremo sinal de caráter, na conjuntura atual). Tem admiradores, pois o D'Locura já teve mais de 1500 visitas. Diverte-se com brincadeiras virtuais como o Amigo Secreto Blogueiro. Aprecia alguns mesmos filmes que eu, mas diverge completamente de mim no que diz respeito à música e à literatura (consigo imaginá-la tendo calafrios ao ouvir Hell's Bells, do ACDC, ou algum rock progressivo mais radical). Assiste novela (a última que acompanhei foi a versão original de Betty, a Feia, simplesmente pelo valor kitsh). Tem pendor para artesanato e trabalhos manuais (eu mal e mal sei pregar um botão e preferiria andar sobre brasas a ter que fazer qualquer coisa em tricô ou crochê). Não deve ter animais de estimação (pelo menos, não um cachorro – ele já teria engolido um novelo de lã ou, pior, uma agulha de tricô). Com certeza não faz a menor idéia do que sejam Guitar Hero, manga, Watchmen, Cthulu ou qualquer outra dessas coisas de cultura pop/nerd que fazem parte do meu cotidiano.

Em suma: é um ser humano diferente de mim já na raiz. Mas (coincidência das coincidências) valoriza as amizades virtuais, como deixa claro em post sobre uma amiga de Orkut desaparecida.

O que demonstra que, com um pouco de esforço, sempre podemos encontrar alguma grande característica em comum que pode servir como ponto de partida para uma boa e duradoura amizade.

Feliz Natal, Vê!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

 Bettie Page – 1923-2008


Bettie Page, precursora de todas as pin-ups e ícone da revolução sexual, faleceu ontem aos 85 anos.

As feministas de plantão certamente irão criticar-me por tecer láureas a uma mulher que viveu de posar nua e fez do erotismo um meio de subsistência.

Mas há momentos em que havemos de nos despir dos pré-conceitos e enxergar a verdade nua e crua*: e a verdade é que P
age foi uma daquelas mui raras mulheres, em toda a História, com a criatividade, a ousadia, a coragem e a persistência necessárias para desafiar o status quo e derrotá-lo. Sem ela (e outras poucas como ela), talvez nem mesmo este blog viesse a exitir.

* Os trocadilhos não foram intencionais, mas vieram a contento.

So thank you, Bettie, wherever you are.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

 Quinze minutos de fama


Volto pra casa, depois de um agradabilíssimo almoço japa, e encontro a net em polvorosa por conta do falecimento de Marcelo Silva.

Minha reação imediata foi:
"Queeeem?"

"Santo" Google (o "pai dos burros" da era tecnológica) logo me acudiu: Marcelo Silva era o ex-marido da atriz Global Suzana Vieira.


Ah, então tá.


Confesso que me sobreveio um certo sentimento culpa por tão crassa demonstração de ignorância. Será que eu
deveria conhecer Marcelo Silva?

Mas, espanei a poeira e a culpa foi-se num
flash.

Prefiro gastar minhas sinapses sabendo quem é Andy Warhol.

 Mais um pra lista!

Monsters vs. Aliens
A mais nova animação da Dreamworks, com estréia em março de 2009!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

 A hora se aproxima – U-HU!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

 Animações com GATOS que todos deveriam assistir!

THE CAT CAME BACK

Um clássico do National Film Board of Canada
Dirigido por Cordell Barker em 1988 e
inspirado em uma canção escrita por Harry S. Miller em 1893.





Fato curioso:
a letra original de The Cat Came Back é bem longa e sofreu acréscimos e modificações ao longo do tempo, mas o desenho opta por uma versão resumida (abaixo, traduzida) que substitui a narrativa proposta nas estrofes por cenas em animação. A Wikipedia apresenta um excelente verbete com o histórico da canção e uma análise detalhada da letra
.

The Cat Came Back

Old Mister Johnson had troubles of his own
(O velho Sr. Johnson tinha seus problemas)

He had a yellow cat that wouldn't leave its home;
(Ele tinha um gato amarelo que não saía de sua casa)

A special plan with deception as the key,
(Um plano especial, baseado na enganação)
One little cat; how hard could it be?
(Apenas um gatinho, quão difícil poderia ser?)


But the cat came back the very next day,
(Mas o gato voltou no dia seguinte)

The cat came back, we thought he was a goner
(O gato voltou, pensávamos que ele já era)

But the cat came back; it just wouldn't stay away.
(Mas o gato voltou, ele não ficaria longe)


Well Old Mr. Johnson had troubles of his own,
(Bem, o velho Sr. Johnson tinha seus problemas)
Still the yellow cat wouldn't leave his home!
(O gato amarelo ainda não saíra de sua casa)

Steps were needed to remove the little curse,
(Providências seriam necessárias para remover a pequena maldição)

The old man knew it couldn't get any worse.
(O velho sabia que não poderia ficar pior)



Abaixo, uma das versões mais longas, extraída do site KIDiddles:


Old Mister Johnson had troubles of his own / He had a yellow cat which wouldn't leave its home; / He tried and he tried to give the cat away, / He gave it to a man goin' far, far away. / But the cat came back the very next day, / The cat came back, we thought he was a goner / But the cat came back; it just couldn't stay away. / Away, away, yea, yea, yea / The man around the corner swore he'd kill the cat on sight, / He loaded up his shotgun with nails and dynamite; / He waited and he waited for the cat to come around, / Ninety seven pieces of the man is all they found. / CHORUS / He gave it to a little boy with a dollar note, / Told him for to take it up the river in a boat; / They tied a rope around its neck, it must have weighed a pound / Now they drag the river for a little boy that's drowned. / CHORUS / He gave it to a man going up in a balloon, / He told him for to take it to the man in the moon; / The balloon came down about ninety miles away, / Where he is now, well I dare not say. / CHORUS / He gave it to a man going way out West, / Told him for to take it to the one he loved the best; / First the train hit the curve, then it jumped the rail, / Not a soul was left behind to tell the gruesome tale. / CHORUS / The cat it had some company one night out in the yard, / Someone threw a boot-jack, and they threw it mighty hard; / It caught the cat behind the ear, she thought it rather slight, / When along came a brick-bat and knocked the cat out of sight / CHORUS / Away across the ocean they did send the cat at last, / Vessel only out a day and making water fast; / People all began to pray, the boat began to toss, / A great big gust of wind came by and every soul was lost. / CHORUS / On a telegraph wire, sparrows sitting in a bunch, / The cat was feeling hungry, thought she'd like 'em for a lunch; / Climbing softly up the pole, and when she reached the top, / Put her foot upon the electric wire, which tied her in a knot. / CHORUS / The cat was a possessor of a family of its own, / With seven little kittens till there came a cyclone; / Blew the houses all apart and tossed the cat around, / The air was full of kittens, and not a one was ever found. / CHORUS / The atom bomb fell just the other day, / The H-Bomb fell in the very same way; / Russia went, England went, and then the U.S.A. / The human race was finished without a chance to pray. / CHORUS

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

 Sincronicidade 1

ROSE: Have you ever been in love?

DESIRE: You might say that.

ROSE: Horrible, isn't it?

DESIRE: In what way?

ROSE: It makes you so vulnerable. It opens your chest and it opens your heart and it means someone can get inside you and mess you up. You build up all these defenses. You build up this whole armor, for years, so nothing can hurt you, then one stupid person, no different from any other stupid person, wanders into your stupid life...

You give them a piece of you. They don't ask for it. They do something dumb one day like kiss you, or smile at you, and then your life isn't your own anymore.

Love takes hostages. It gets inside you. It eats you out and leaves you crying in the darkness, so a simple phrase like "Maybe we should just be friends" or "How very perceptive" turns into a glass splinter working its way to your heart.

DESIRE: How picturesque.

ROSE: It hurts. Not just in the imagination. Not just in the mind. It's a soul-hurt, a body-hurt, a real gets-inside-you-and-rips-you-apart pain. Nothing should be able to do that.

Especially not love.

I hate love.


Neil Gaiman, sempre pertinente.

Extraído do arco The Kindly Ones da série de quadrinhos Sandman (DC Comics, 1996)

http://www.neilgaiman.com/



Tradução livre:

ROSE: Você já se apaixonou?
DESEJO: Posso dizer que sim.
ROSE: Horrível, não é?
DESEJO: De que forma?
ROSE: Você fica tão vulnerável. Abre seu peito e seu coração, criando espaço para que alguém entre e bagunce tudo. Você constrói todas essas defesas. Passa anos erguendo uma blindagem para que nada possa machucá-la e, então, uma pessoa estúpida, nada diferente de qualquer outra pessoa estúpida, aparece na sua estúpida vida... Você lhe dá um pedaço de si mesma, embora ele não o tenha pedido; apenas fez algo bobo, um dia, como beijá-la, ou sorrir para você, e desde então sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele invade. Ele a devora e a abandona chorando na escuridão, fazendo com que uma frase simples como "Talvez nós devamos ser apenas amigos" ou "Que perspicaz" se transforme em um caco de vidro abrindo caminho até o seu coração.
DESEJO: Que pitoresco.
ROSE: Isso machuca. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É um machucado na alma, no corpo, uma dor do tipo que rasga você e a despedaça. Nada deveria poder fazer isso. Especialmente não o amor. Eu odeio o amor.

 Queria ter coração de poeta...

... mas o pragmatismo me impede.

Volta e meia, ao ler textos escritos por outrém, pego-me sentindo uma inveja doída desse pendor para a transmutação literária inato tão somente aos alquimistas de palavras que são os poetas. Como seria maravilhoso ter o poder de extrapolar seus significados e fazê-las voar, livres dos ditames do Aurélio!

Se "ser poeta" fosse, tão somente, saber escrever no português mais douto, eu já teria preenchido as prateleiras de bibliotecas inteiras.

Se fosse ser capaz de se render à tentação do onírico, já teria gravado em milhares de páginas, a ferro e fogo, as mais fantásticas viagens por mundos de fantasia e imaginação.

"Poetas são mais sensíveis e sofrem em demasia." – dizem. Se o sofrimento fosse pré-requisito para a poesia, eu já teria escrito mais do que Shakespeare e Camões.

Ser poeta exige uma alma indecifrável, um "je ne sais quoi" de que meu espírito carece e pelo qual anseia a cada tiquetaquear do tempo inexorável. E, assim sendo, a poesia vive eterna e ansiosamente aprisionada em meu âmago, clamando por socorro e me consumindo de dentro para fora.

Mas, em raríssimas ocasiões, ela dá uma escapadela tímida.

Como agora.

 Me and my Meme

Minha querida amiga Ká, do blog Ká a Rainha do Devaneio, me incumbiu de responder a um meme. Claro que, blogueira novata e quase-virgem (em termos "bloguísticos", i.e.) que sou, não fazia a menor idéia de que "catzu" seria isso – então, fui à cata de explicações, posto que sou dotada de uma curiosidade infinita e não tenho mesmo nada mais a fazer no momento:

Meme - Termo usado pelos blogueiros para definir quando um autor tem seu texto copiado e continuado em outros blogs. Geralmente, os blogueiros usam memes para aprofundar um tema ou simplesmente aumentar o acesso a seus sites. (retirado do site Portal G1)

Alguma coisa nessa definição me deu a tremenda impressão de que esse tal de meme não passa da boa e velha "corrente" travestida em formato Blog mas, como a intenção da coisa é positiva, resolvi tentar participar.

Seguem, então, as regras que me foram transmitidas:

  • Escrever uma lista com 8 coisas que sonhamos fazer;
  • Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder;
  • Comentar no blog de quem nos convidou;
  • Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da “convocação”;
  • Mencionar as regras.

Eis que me vejo numa tremenda saia-justa. Posso até responder a questão proposta pelo
meme, mas simplesmente não conheço oito blogueiros a quem convocar para a brincadeira ("quase-virgem", lembram?) e a maior parte dos que conheço ou já recebeu o convite da própria Ká, ou me xingará dos nomes mais torpes (e cunhará alguns piores, só pra me xingar um pouquinho mais) se eu ousar convidá-los.

Só posso contribuir, pois, com minhas respostas, e torcer para que a quebra desse elo da corrente não danifique minha reputação como blogueira (que já nem existe, anyway).

  1. Ter um filho - sonho praticamente irrealizável em função da idade e do fato d'eu ser uma pessoa irremediavelmente responsável (e, pelo menos momentaneamente, também bastante solteira) mas, quem sabe?
  2. Cursar medicina veterinária - devia tê-lo feito antes, claro, mas só recentemente me dei conta de que cuidar de bichos é minha verdadeira vocação. Talvez ainda seja um sonho plausível, depois da aposentadoria (ou se eu arrumar um marido rico, caso em que, certamente, também realizarei o sonho nº 1, talvez mais de uma vez)...
  3. Fazer um cruzeiro em navio de luxo - nem me importa para onde – quero mesmo é desfrutar das amenidades do navio em si e nunca botar os pés em terra firme. De preferência, quando eu estiver velha o suficiente para fazê-lo sem culpa e/ou preocupações e ainda nova o bastante pra não sair toda alquebrada da empreitada.
  4. Viajar num disco voador ou, pelo menos, ter um contato imediato de segundo grau - ooooook, ninguém me disse que os "sonhos" precisavam ser "pé-no-chão". Sou mesmo uma nerd assumida, e não há nerd no mundo que não tenha aspirações "espaciais".
  5. Ser mordida por uma aranha radioativa, ou atingida por produtos químicos misteriosos, ou whatever; adquirir super-poderes e virar uma super-heroína combatente do crime - tá bom, eu admito que, agora, exagerei um "tantinho". Posso trocar pelo sonho de me tornar uma cantora multibiliardária mundialmente famosa?
  6. Ser feliz.
  7. Ser feliz.
  8. Ser feliz.
Sorry, folks. Sou uma pessoa de sonhos frugais.

 About Terry Pratchett, Alzheimer's and why the world is flat





A notícia me bateu como uma bomba, há alguns meses: Terry Pratchett, prolífico criador da série Discworld, sofre do Mal de Alzheimer. A doença foi detectada precocemente e, aparentemente, é de um tipo raro que demora a demonstrar seus efeitos deletérios, mas a verdade é inexorável: a literatura mundial, em breve, perderá um de seus mais brilhantes cérebros.

Pratchett, laureado com diversos prêmios literários e detentor de quatro doutorados, é um dos mais relevantes autores satíricos/infanto-juvenis contemporâneos e líder de vendas na Grã-Bretanha, permanecendo há quase uma década no top ten do jornal Sunday Times. Seus livros já tiveram tradução para 33 línguas, ultrapassaram 45 milhões de cópias vendidas mundialmente e foram transformados em merchandise (incluindo brinquedos, jóias, produtos de vestuário e videogames) e especiais para televisão (o mais recente é o filme The Color of Magic, baseado no primeiro volume da série Discworld).

No Brasil, Pratchett é publicado pela Conrad Editora, que procura fazer um respeitoso trabalho de tradução e edição. Infelizmente, nossas livrarias costumam esconder os livros na seção infanto-juvenil, o que não lhes dá a melhor exposição e talvez explique o fato do autor ainda não ter adquirido a popularidade merecida, por essas bandas.

Pratchett reagiu à notícia de sua doença de forma estóica e com o mesmo bom humor que permeia seus escritos. Desde então, se tornou Patrono do The Alzheimer’s Research Trust e vem trabalhando ativamente em campanhas de conscientização e angariação de fundos para pesquisa (tendo, ele mesmo, doado uma quantia considerável). E, para júbilo de seus fãs, recusou-se a parar de produzir: seu último livro, Nation (um romance infanto-juvenil), já é campeão de vendas na Grã-Bretanha, onde teve mais de 20 mil exemplares comercializados em apenas uma semana.

O ano de 2008 marcou o aniversário de 25 anos de Discworld, a mais célebre cria de Pratchett e uma das mais longas séries de fantasia de todos os tempos (totalizando, até o momento, 36 livros). É um mundo quase como o nosso, exceto por alguns "detalhes": é chato como uma pizza e sustenta-se nas costas de quatro elefantes que, por sua vez, se apóiam nas costas de uma tartaruga gigante*, a Grande A'Tuin, que segue vagando pelo espaço numa inexorável viagem até... bem, ninguém sabe exatamente, mas os "cientistas" do Discworld cogitam que A'Tuin provavelmente procura um parceiro para reprodução (e encontrá-lo, obviamente, significará o Fim do Mundo).

* Em referência explícita à mitologia hinduísta.

O universo de Discworld é regido pela magia e habitado por magos, bruxas, heróis e outros personagens fantásticos arquetípicos, mas não como os tantos outros universos literários de mesma inspiração – porque as histórias que se passam são repletas de humor (geralmente, muito negro) e seus protagonistas nem sempre são como deviam, agem como esperado ou atingem os resultados usuais. No Discworld, os magos são aparvalhados, um grande herói pode se esconder na pele de um velhinho totalmente gagá e a criatura mais poderosa de todas ser um baú mágico inteligente, dotado de perninhas e totalmente indestrutível. E "O" Morte (porque, no Discworld, Morte é do gênero masculino) nem sempre é muito assustador – já foi até "demitido".

É, pois, um mundo imperfeito, incompleto, inconstante e totalmente imprevisível.

No fundo, o
Discworld é mesmo assutadoramente semelhante ao nosso mundo (embora, em certo contexto, seja muito menos "chato"). E, nesse paralelo sagaz e inebriantemente ferino, a genialidade de Prattchet pode ser vislumbrada em suas melhores cores – todas elas completamente mágicas.

Para uma ótima entrevista com Pratchett (em inglês), acessem o Times Online.

Mais informações sobre Pratchett, o Discworld e seus demais trabalhos podem ser obtidas nos sites Terry Pratchett UK e Discworld Informer.



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

 And now, for something completely different!

O Fuça de Ferret também é Pythonmaníaco e, por isso, não poderia deixar de render homenagem ao maior grupo humorístico de todos os tempos!

Escolher o melhor
sketch do Monty Python é tarefa praticamente impossível, mas este se destaca pelo humor visual, facilmente assimilável até por quem não fale inglês.

Com vocês, without much ado,
The Ministry of Silly Walks
(O Ministério das Caminhadas Bobocas)




Vejam ainda mais no Canal Oficial do Monty Phyton, no Youtube!

NI!

 Oda al Gato



Los animales fueron
imperfectos,
largos de cola, tristes
de cabeza.
Poco a poco se fueron
componiendo,
haciéndose paisaje,
adquiriendo lunares, gracia, vuelo.
El gato,
sólo el gato
apareció completo
y orgulloso:
nació completamente terminado,
camina solo y sabe lo que quiere.

El hombre quiere ser pescado y pájaro,
la serpiente quisiera tener alas,
el perro es un león desorientado,
el ingeniero quiere ser poeta,
la mosca estudia para golondrina,
el poeta trata de imitar la mosca,
pero el gato
quiere ser sólo gato
y todo gato es gato
desde bigote a cola,
desde presentimiento a rata viva,
desde la noche hasta sus ojos de oro.

No hay unidad
como él,
no tienen
la luna ni la flor
tal contextura:
es una sola cosa
como el sol o el topacio,
y la elástica línea en su contorno
firme y sutil es como
la línea de la proa de una nave.
Sus ojos amarillos
dejaron una sola
ranura
para echar las monedas de la noche.

Oh pequeño
emperador sin orbe,
conquistador sin patria,
mínimo tigre de salón, nupcial
sultán del cielo
de las tejas eróticas,
el viento del amor
en la intemperie
reclamas
cuando pasas
y posas
cuatro pies delicados
en el suelo,
oliendo,
desconfiando
de todo lo terrestre,
porque todo
es inmundo
para el inmaculado pie del gato.

Oh fiera independiente
de la casa, arrogante
vestigio de la noche,
perezoso, gimnástico
y ajeno,
profundísimo gato,
policía secreta
de las habitaciones,
insignia
de un
desaparecido terciopelo,
seguramente no hay
enigma
en tu manera,
tal vez no eres misterio,
todo el mundo te sabe y perteneces
al habitante menos misterioso,
tal vez todos lo creen,
todos se creen dueños,
propietarios, tíos
de gatos, compañeros,
colegas,
discípulos o amigos
de su gato.

Yo no.
Yo no suscribo.
Yo no conozco al gato.
Todo lo sé, la vida y su archipiélago,
el mar y la ciudad incalculable,
la botánica,
el gineceo con sus extravíos,
el por y el menos de la matemática,
los embudos volcánicos del mundo,
la cáscara irreal del cocodrilo,
la bondad ignorada del bombero,
el atavismo azul del sacerdote,
pero no puedo descifrar un gato.
Mi razón resbaló en su indiferencia,
sus ojos tienen números de oro.

Pablo Neruda
Buenos Aires, 1959, Editora Losado


Ode ao Gato
(versão de Eliane Zagury)

Os animais foram
imperfeitos, compridos de rabo, tristes de cabeça. Pouco a pouco se foram compondo, fazendo-se paisagem, adquirindo pintas, graça, vôo. O gato, só o gato apareceu completo e orgulhoso: nasceu completamente terminado, anda sozinho e sabe o que quer. O homem quer ser peixe e pássaro, a serpente quisera ter asas, o cachorro é um leão desorientado, o engenheiro quer ser poeta, a mosca estuda para andorinha, o poeta trata de imitar a mosca, mas o gato quer ser só gato e todo gato é gato do bigode ao rabo, do pressentimento à ratazana viva, da noite até os seus olhos de ouro. Não há unidade como ele, não tem a lua nem a flor tal contextura: é uma coisa só como o sol ou o topázio, e a elástica linha em seu contorno firme e sutil é como a linha da proa de uma nave. Os seus olhos amarelos deixaram uma só ranhura para jogar as moedas da noite. Oh pequeno imperador sem orbe, conquistador sem pátria, mínimo tigre de salão, nupcial sultão do céu das telhas eróticas, o vento do amor na intempérie reclamas quando passas e pousas quatro pés delicados no solo, cheirando, desconfiando de todo o terrestre, porque tudo é imundo para o imaculado pé do gato. Oh fera independente da casa, arrogante vestígio da noite, preguiçoso, ginástico e alheio, profundíssimo gato, polícia secreta dos quartos, insígnia de um desaparecido veludo, certamente não há enigma na tua maneira, talvez não sejas mistério, todo o mundo sabe de ti e pertences ao habitante menos misterioso talvez todos acreditem, todos se acreditem donos, proprietários, tios de gato, companheiros, colegas, discípulos ou amigos do seu gato. Eu não. Eu não subscrevo. Eu não conheço o gato. Tudo sei, a vida e o seu arquipélago, o mar e a cidade incalculável, a botânica o gineceu com os seus extravios, o pôr e o menos da matemática, os funis vulcânicos do mundo, a casca irreal do crocodilo, a bondade ignorada do bombeiro, o atavismo azul do sacerdote, mas não posso decifrar um gato. Minha razão resvalou na sua indiferença, os seus olhos têm números de ouro.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

 Destrinchando embutidos!

Ao comentar (ainda que de passagem) a questão dos textos apócrifos que grassam pela Internet, meu último post ofereceu-me um irresistível gancho para discutir as origens de uma crônica que vem assombrando as internautas que – como eu – já chegaram ao status de balzaquianas.

O texto em questão adquiriu
tal grau de notoriedade, nas comunidades do Orkut dedicadas às mulheres acima de 30 anos, que acabou recebendo a carinhosa alcunha Linguiça do Jabor. Como denota o apelido, esta pérola costuma ser creditada a Arnaldo Jabor – uma vítima tão frequente da "sindrome do falso autor" que chegou até a dedicar-lhe crônica em sua seção no Segundo Caderno do jornal O Globo.

Aqueles que ainda não conhecem esse primor da literatura universal podem lê-lo abaixo
(reproduzido, por uma questão de espaço, sem as quebras de parágrafo) e encantar-se com a candura com que enuncia as qualidades das mulheres maduras. Arrisco até dizer que nem Honoré de Balzac seria capaz de tamanho vigor poético ao descrever suas musas (atenção, principalmente, ao trecho final grifado)!

À medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30. Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar; Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na TV, não fica à sua volta resmungando, vai fazer alguma coisa que queira fazer... E geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Ela se conhece o suficiente para saber quem é o que quer e quem quer. Elas não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem. Você nunca precisa confessar seus pecados... elas sempre sabem... Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um! Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça... Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos! Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada e sexy, existe um careca, pançudo em bermudões amarelos bancando o bobo para uma garota de 19 anos... Senhoras, eu peço desculpas! Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê? "Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!". Nada mais justo!

Os detratores de Jabor, é claro, adorariam que ele tivesse escrito essa bobagem, mas uma pesquisa mais cuidadosa na Internet revela sua verdadeira origem: ela é mera tradução (embora um tanto adulterada, até mesmo na faixa etária inspiradora) do seguinte texto atribuído ao apresentador e humorista norte-americano Andy Rooney
, muito conhecido por seus comentários ácidos a respeito de assuntos polêmicos:

As I grow in age, I value women over 40 most of all. Here are just a few reasons why: A woman over 40 will never wake you in the middle of the night and ask, "What are you thinking?" She doesn't care what you think. If a woman over 40 doesn't want to watch the game, she doesn't sit around whining about it. She does something she wants to do, and it's usually more interesting. Women over 40 are dignified. They seldom have a screaming match with you at the opera or in the middle of an expensive restaurant. Of course, if you deserve it, they won't hesitate to shoot you if they think they can get away with it. Older women are generous with praise, often undeserved. They know what it's like to be unappreciated. Women get psychic as they age. You never have to confess your sins to a woman over 40. Once you get past a wrinkle or two, a woman over 40 is far sexier than her younger counterpart. Older women are forthright and honest. They'll tell you right off if you are a jerk if you are acting like one. You don't ever have to wo nder where you stand with her. Yes, we praise women over 40 for a multitude of reasons. Unfortunately, it's not reciprocal. For every stunning, smart, well-coiffed, hot woman over 40, there is a bald, paunchy relic in yellow pants making a fool of himself with some 22-year old waitress. Ladies, I apologize. For all those men who say, "Why buy the cow when you can get the milk for free?", here's an update for you. Nowadays 80% of women are against marriage. Why? Because women realize it's not worth buying an entire pig just to get a little sausage.

Estaria resolvida a questão? Ainda não, já que o próprio Andy Rooney repetidamente negou a autoria do texto, como comprovado nos sites abaixo (todos em inglês):






Quem seria, então, o verdadeiro perpetrador da "obra-prima"?

Uma resposta parcial pode ser encontrada no supracitado site Suddenly Senior, em uma crônica cunhada
no ano de 2000 pelo colunista Frank Kaiser. Os fluentes em inglês podem acessá-la no link abaixo e perceberão que, curiosamente, trata-se de uma delicada apologia da maturidade feminina que nunca chega a mencionar qualquer carne embutida...


A conclusão óbvia é que a versão mais divulgada não passa de um excerto; um Frankestein virtual ao qual, em algum ponto do caminho, foi espetada a mal-afamada "linguiça" (o duplo sentido não é intencional, mas...).

Há coisas que somente a Internet, terra sem dono e paraíso do telefone sem fio, permite.

De forma que, inobstante nossa mui esforçada campanha arqueológica, o mistério permanece parcialmente sem solução: embora tenhamos descoberto os primórdios da "linguiça", seu cozinheiro continua totalmente desconhecido.

Se bem que conseguimos provar, sem qualquer sombra de dúvida, que Arnaldo Jabor é inocente (ao menos desta vez)...


Dedico este post às meninas da comunidade Mulheres de 30,
que já aturaram sua cota de linguiças (nem todas do Jabor).

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

 Meus secretos amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!


Paulo Sant'Ana*
Cronista do jornal Zero Hora, no livro O Gênio Idiota (1992, ed. Mercado Aberto)


Dedico este post a um amigo perdido recentemente.
Ele não o lerá, mas a intenção permanece.


* Fato curioso: apesar de ter sido escrita por Paulo Sant'Ana, esta crônica é mais comumente creditada a Vinicius de Morais. Sobre a confusão, o próprio jornal Zero Hora publicou, em 19 de junho de 2002: "O colunista Paulo Sant'Ana recebeu esse e-mail do jornalista Emanuel Mattos no dia de seu aniversário e, para seu espanto, identificou que o texto, assinado por Vinícius de Moraes, é de sua autoria. Surpreso, imediatamente ligou e desfez a confusão. A criação de Sant'Ana já deve ter circulado por muitas caixas de mensagens com a assinatura de Vinícius, sem que ninguém soubesse da troca de autor. Somente, é claro, o próprio Sant'Ana." (Fonte: Blog Autor Desconhecido)

 100 Filmes em 5 minutos



Infelizmente, para "captar" tudo, é preciso ter fluência em inglês.
Mas não podia deixar de registrar...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

 Sobre as "Anas" do Mundo

Ana* é uma criatura "espaçosa". Padece de uma necessidade visceral de escarafunchar cada mínimo detalhe da vida de quem a cerca e, quando percebe que algo lhe escapou ao conhecimento, não descansa enquanto não o descobre (mesmo que por meios indiretos, isto é: através de fofoca). Mas isso não é o bastante: ela também precisa divulgar o que descobriu e lhe contará tu-di-nho tin-tin por tin-tin, mesmo que você não faça a menor idéia de quem é a pessoa sobre a qual ela está falando.

Ana tem uma "boca" enorme. Fazer-lhe uma confidência é garantia de divulgação quase instantânea, via satélite, para a metade da torcida do Flamengo (justamente a metade que nunca deveria saber a respeito). E a história é sempre enfeitada e aumentada um ou mais pontos com fitas coloridas, purpurina e paetês, pois Ana é dotada de uma imaginação extremamente fértil e a realidade nua e crua nunca lhe basta.

Ana não entende o quanto pode ser inconveniente pois, por algum "trauma de infância" misterioso, é completamente alheia ao conceito de "privacidade" – inclusive a própria: os detalhes mais constrangedores de sua intimidade são frequentemente narrados a estranhos, com a mesma tranquilidade de quem transmite a previsão do tempo ou dita uma receita de bolo. Isso, é claro, lhe causa problemas nos contatos sociais, mas ela nunca dá de si.

Ana se considera uma expert. Sempre tem uma (ou até mais de uma que, muitas vezes, se contradizem) opinião "abalizada" a dar sobre qualquer assunto em pauta – seja ele educação física, metafísica ou física quântica. Sua entrada em qualquer debate acaba causando nos demais participantes uma sensação equivalente à de dar murros numa parede de concreto: o resultado são sempre os nós dos dedos machucados, uma parede totalmente intacta (embora manchada de sangue) e os ouvidos doloridos. Porque Ana, além de tudo, também faaaaaala pelos cotovelos. Ela adora monólogos!

Ana acredita que tornar-se "íntima" de alguém lhe confere o direito automático e intransferível de dizer praticamente qualquer coisa que lhe passe pela cabeça, sempre que lhe dê na "telha". Resumindo: falta-lhe, nas veias, o bom e velho "simancol" que confere aos demais seres humanos (ou, ao menos, àqueles dotados de alguma finesse) a capacidade de perceber quando é uma boa hora para manter o "bico" fechado.

Ana é competitiva, principalmente com pessoas que admira. Não se trata de inveja, mas da vontade de demonstrar a si mesma (que, no fundo, se acha um tanto medíocre) que pode ser "mais" do que os outros. Vive alardeando como seu namorado é mais bonito e inteligente, seu apartamento mais bem decorado, seu estilista/maquiador/cabeleireiro mais "IN". Na maioria das vezes, é tudo fantasia, mas perceber isso não torna o incômodo menor para quem está à sua volta.

Ana é "arroz-de-festa", no mau sentido: sair com ela, invariavelmente, significa acabar assistindo a um show (e não dos melhores) – ela sempre fala e gargalha alto demais, faz exigências totalmente esdrúxulas aos garçons e outros servidores que a atendem e seu comportamento é de um histrionismo capaz de envergonhar os mais "descolados". Quando ela está presente, o vácuo criado ao seu redor suga o ar do ambiente, sufocando o élan de qualquer outra pessoa presente.

Abra algum espaço para Ana em seu convívio e você jamais saberá novamente o que é ter paz. Viverá pisando em ovos toda vez que encontrá-la; medirá cada palavra pelo receio de dizer alguma coisa que possa vir a lhe causar problemas caso seja passada adiante a alguém impróprio e, queira ou não, terá que aturar uma eternidade de intromissões e "pitacos" dos mais absurdos, seja nas questões mais triviais ou nos momentos mais dramáticos.

Ana têm outros defeitos – uma lista interminável deles. E a triste realidade é que ela é um cruzamento entre carrapato, sanguessuga e vampiro que não desgrudará de sua "presa" (você) antes de lhe absorver todo o "fluido vital".

Diante dessa descrição, qualquer ser humano de bom senso fugiria de Ana como o Diabo da Cruz. Uma pessoa como essa é, obviamente, de convivência MUITO difícil e exige um exercício de capacidade de adaptação e tolerância de que nem todos são capazes.



No entanto, Ana não é má gente. Tem um coração enorme, abnegado e amoroso e é capaz de oferecer seu ombro a um amigo em apuros sem jamais lhe pedir nada em troca. Quando as coisas ficam difíceis e TODOS desaparecem, ela é quem permanece ao seu lado, toma conta de você e se preocupa com o seu bem-estar. Ela nunca questiona a validade ou a verdade do que você está sentindo e até fica magoada quando, para não preocupá-la, você procura esconder o que realmente o está entristecendo.

Ana, no final das contas, é uma AMIGA de verdade.



Creio que toda pessoa deveria ter pelo menos uma Ana em sua vida, mesmo sabendo que, eventualmente, ela lhe causará ímpetos assassinos. Porque, apesar dos pesares, as Anas nunca são pessoas monótonas ou desinteressantes; são companheiras constantes e fiéis e sempre têm muito a nos ensinar, se nos dispusermos a ter paciência e mantivermos nossos corações e almas abertos.

Elas são, mais do que tudo, prova incontestável de que, inobstante o tamanho dos nossos defeitos, eles SEMPRE podem ser compensados por nossas qualidades.

Vamos admitir: as Anas nos tornam pessoas melhores. Que seria de nós sem elas?

Até porque cada um de nós tem um pouquinho de Ana dentro de si.



Dedico este texto às "minhas" Anas. Eu amo todas vocês!

* Sim, Ana é persona fictícia e a descrição é exagerada – mas foi baseada em gente de verdade... E um "tantinho" em mim mesma, ma non troppo.

 Livros com GATOS que todos deveriam ler!



Os Olhos do Gato (Les Yeux du Chat)

Primeira (e belíssima) colaboração de Moebius (ilustrações) e Alejandro Jodorowsky (roteiro), lançada pela Humanoides Associes em 1978 e publicada, no Brasil, pela Martins Fontes Editora.

Atualmente fora de catálogo, mas talvez possa ser encontrado em sebos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

 Coisas que só o karma explica!

Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Eventos recentes ofereceram-me provas diversas de que este é um ditado completamente equivocado, mas a noção de que existe um "Inferno Astral" a espera de cada um – e de que essa é a minha vez, mas passará – vem-me mantendo de pé (ainda que meio aos trancos e barrancos). Me pergunto, no entanto, se o Universo não tem exagerado um "tantinho" no exercício da ironia, margeando o sadismo... Porque assim, também, já está demais!...

ODEIO baratas. Se Deus existe e a Criação é sua Obra, as baratas certamente são a) Uma declaração de que o Diabo também é real ou b) Uma prova de que ELE(A), em toda sua onipotência/onisciência*, é um(a) tremendo(a) d'um(a) sacana. Se, algum dia, a Terra for invadida por alienígenas insetóides (muito improvável, considerando as teorias sobre os "grays" e os "reptilianos" que apenas os ufófilos/ufólogos de plantão entendem), eles certamente terão cara de barata, como o alien do filme Homens de Preto. Porque não há criatura mais nojenta, desagradável, incômoda e inconveniente, na face da Terra, do que a "boa" e velha Periplaneta americana (os mosquitos até chegam perto, mas ainda perdem – mesmo fazendo um barulhinho mais irritante).

* Nota metafísica pertinente: o conceito de "onisciência divina" foge em muito à minha compreensão pois, se alguém é "onisciente", a ignorância certamente é algo que lhe escapa. Como pode alguém conhecer TUDO, se não sabe o que é "desconhecer"? Mas... voltemos ao assunto em pauta:

Dormia eu tranquilamente, noite passada, quando fui acordada por um pressentimento (estranhamente, meu sexto sentido parece funcionar em conluio com o Universo e nunca me informa qualquer coisa de realmente agradável ou útil, como os números da Mega Sena). Sobressaltada, resolvi verificar se os ferrets (que vivem soltos em minha área de serviço) passavam bem, e lá estava ELA: uma "bela" d'uma nojentinha passeando alegremente pra lá e pra cá, totalmente alheia ao fato de que, MUITO perto, havia oito grandes predadores sequiosos por uma boa caçada (claro que estou falando dos ferrets e dos gatos, não de mim – se EU pudesse escolher, jamais veria uma outra barata na vida).

Qualquer dono de gato minimamente experiente sabe perfeitamente que baratas são um "brinquedo" maravilhoso. Elas se movem depressa – que diversão! – e têm um "aroma" que somente os mamíferos predadores mais bem equipados (coisa que os humanos já deixaram de ser há tempos) conseguem apreciar. Quem tem gatos sabe, também, que baratas dão ótimos PRESENTES para os donos – logo, lá fui eu, às 3:00 da matina, matar a "mardita" antes que alguém resolvesse me agraciar com a visão matutina de um cadáver fresquinho no travesseiro, ao lado da minha cabeça.

Tentem não rir ao imaginar a cena: eu, sonolenta e descabelada, de camisola, tentando exterminar o monstro com uma vassoura* enquanto afastava os gatos (altamente instigados a exercitar seus instintos predatórios) com um dos pés. A tarefa me tomou quase uma hora pois, mesmo depois de finalmente atordoar a praga (porque, claro, sempre sobra pelo menos uma "perninha" estrebuchante, nem que seja só para nos criar ânsia de vômito), ainda tive que lavar toda a área de serviço com desinfetante veterinário e tomar um bom banho pra espantar a sensação de asco de minh'alma.

* Nota: ao contrário do que relata o imaginário popular, vassouras são péssimas armas anti-baratas.

Sei que não sou muito flor que se cheire e devo ter cometido minha cota de atrocidades em outras encarnações (frequentemente, tenho a sensação extrema de que fui Kublai Khan), mas acho que meu karma já está exagerando na dose. Pra arrematar a piada, depois do "safari" noturno, ainda acordei e encontrei os restos mortais de uma OUTRA barata (já meio coberta por uma legião de formigas famintas) bem no meio da minha sala*. As Nornes, a essa altura, devem estar rolando de rir.

* Só pra registrar, antes que me tachem de "porquinha": todas essas baratas são oriundas de uma obra que está sendo feita no apartamento vizinho e entram em minha casa pela janela. Não tenho qualquer controle sobre a invasão!

Se bem que podia ser MUITO pior: meu travesseiro, pelo menos, continua incólume.

P.S. - Quem mais aí se lembra da baratinha do Rodox?

domingo, 23 de novembro de 2008

 Soneto 57

Being your slave, what should I do but tend
Upon the hours and times of your desire?
I have no precious time at all to spend,
Nor services to do, till you require.

Nor dare I chide the world-without-end hour
Whilst I, my sovereign, watch the clock for you,
Nor think the bitterness of absence sour
When you have bid your servant once adieu;

Nor dare I question with my jealous thought
Where you may be, or your affairs suppose,
But like a sad slave stay and think of nought

Save where you are how happy you make those.
So true a fool is love that, in your will
Though you do anything, he thinks no ill.

William Shakespeare

Tradução em http://literaturas.blogs.sapo.pt/81260.html

 Grandes artistas da atualidade


A arte fala por si só.

 Vida longa e próspera!


E não é que os donos da franquia Star Trek continuam tentando espremer o bagaço da "laranja", na esperança de que saiam mais algumas gotinhas de suco? O novo filme, narrando as aventuras de Kirk, Spock e cia. em seus anos de Academia, tem lançamento previsto para maio de 2009.

Como meu lado nerd
é trekker o bastante para saber o que é o Pon'far, estou aguardando ansiosamente; mas já me preparei psicologicamente para uma possível decepção...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

 Filho de peixe...


Fui como convidada, ontem, ao show de gravação do DVD de Jay Vaquer no Vivo Rio. Jay é filho de Jane Duboc, maravilhosa cantora que habitou os Walkmans da minha geração e amicíssima de dois queridos meus, Analu e Arthur.

Como quem sai aos seus não degenera, Jay fez uma apresentação artisticamente impecável e impressionantemente afinada. Da nova leva de "pop-rockers" brasileiros, é seguramente uma das grandes revelações – além de excelente cantor, é compositor talentoso e consegue a façanha de escrever letras com conteúdo.

E, 'inda por cima, é um rapaz bonito!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

 Da série "Coisas estúpidas que as pessoas dizem"

"Você está tão conservada!" - por algum motivo indecifrável, muita gente (e nem sempre gente jovem) continua acreditando que, em algum lugar desse agrupamento de vogais e consoantes, existe um elogio escondido, pronto para colocar a cabecinha de fora e gritar "Surpresaaaaa!". Mas, vamos ser sinceros: nenhuma mulher acima dos 30 anos aprecia ouvir uma "declaração de quase-senilidade" como essa...

O que deveria ser um cumprimento acaba tendo sempre um efeito reverso porque, tentando mostrar como a mulher está bem de saúde, em boa forma e aparentando felicidade, evidencia-se que ela já não é mais uma "moça". Seria bem menos doloroso jogar logo um balde de água fria na pobre coitada e acabar de vez com a sua noite!

Como bem disse a jornalista Thereza Francisca Hilcar, convidada especial do Saia Justa* desta semana: "Conservado é o picles!". Tem razão: o picles é mesmo meio azedo e é assim que a gente se sente ao ouvir essa "abobrinha".

* Programa da TV a cabo que não me é particularmente "querido" e ainda será tema de um tópico aqui no Fuça de Ferret.