Ok, está cientificamente comprovado: eu e o Carnaval não somos dimensionalmente compatíveis. É absolutamente certo, aliás, que nosso encontro em um mesmo ambiente acarretará efeitos físicos totalmente imprevisíveis, tal qual o choque entre matéria e anti-matéria; com alguma sorte, será criado um buraco negro que, antes de me sugar, absorverá todo o som à minha volta – eu até morrerei feliz, se me for em silêncio absoluto.
Não, eu não quero mamar. E estou pouco ligando se o Zezé é bicha e a Maria, Sapatão. Aliás, continuarei não dando a mínima ainda que os dois resolvam chamar a Aurora que não é sincera e a Morena Bossa Nova para um bacanal digno de Calígula – desde que a folia não aconteça na praça em frente à minha casa!
A tortura durou mais de seis horas. Entre batuques, apitos e um permanente burburinho de vozes pré-humanas cada vez mais inebriadas, fui obrigada a aturar o cruel assassinato de todas as marchinhas de carnaval e sambas jamais compostos, e até de algumas músicas de Madonna (!), New Order (!!) e Amy Winehouse (!!!!!!!!!!!!!!), por uma voz de gênero completamente indefinível mas muito, muito desafinada mesmo.
Tudo, claro, com acompanhamento da minha cachorrinha que, tendo algum bom gosto musical, resolveu deixar seu desagrado evidente, em alto em bom som, latindo sem parar do começo ao fim dos folguedos.
Por um momento, pensei em colocar no meu CD player algum rock progressivo das antigas ou um heavy-metal bem barulhento e virar as caixas para a varanda, mas minha aparelhagem não é grande coisa e perderia em decibéis. Então, fui para o quarto, liguei o ar-condicionado e aumentei o volume da televisão ao máximo. A emenda foi pior do que o soneto: o som tonitruantemente monocórdio da voz do(a?) cantor(a?) passou a me atingir em estéreo, vindo da sala e através da janela do quarto.
Para minha surpresa, senti uma profunda inveja do pessoal na praça que, a essa altura, de tão bêbados, apreciariam até a Habanera interpretada por uma elefanta.
Pelo que percebi, essa agressão aos moradores das vizinhanças foi autorizada pela Prefeitura (como sinto orgulho de meu voto nulo!). Então, para dar alguma impressão de organização ao "evento", a criatura ao microfone tentou urgir os bebuns que pulavam (e pululavam) na praça a catarem seu lixo antes de irem embora. Claro que ninguém fez porcaria nenhuma – até porque a porcaria já estava toda feita. E ouso apostar que nem mesmo os garis o farão, pelo menos até quinta-feira.
Era tudo o que eu havia pedido para o feriadão: virar uma prisioneira acústica da minha própria residência.
Mas, tenho um consolo: assim que os últimos resquícios dessa barulheira infernal tiverem abandonado a praça, vou ligar meu Playstation e jogar Guitar Hero Legends of Rock durante umas três horas seguidas. Se isso não me desopilar, pelo menos, ajudará a reestabelecer o equilíbrio das energias cósmicas nos arredores.
Embalagem de Bolos de Aniversário: Dicas
Há 3 meses
5 comentários:
O blogger tava f. há 1 hora atrás... sobre o seu post:
uhauhauahuahuaha.... realmente... não há nada pior do que estar perto de uma bandinha ou um bloquinho toscos... mesmo para quem gosta, marchinha só quando a gente tá a fim de entrar na folia né....
bjs.
entendo bem
apesar do meu drama ser um pouco diferente, durar o ano inteiro
moro entre os estádios do internacional e grêmio...
bjs
eu adorava os bailes de carnaval de antigamente, com as marchinhas... hoje está um horror!!
a unica coisa que desejo no carnaval é um dia desfilar na estação primeira de mangueira em plena sapucaí... me aguarde! rsrsrsr
Desfilar na Sapucaí está em uma das minhas listas de coisas para fazer antes de ficar totalmente caduca.
Tenho certeza de que vou detestar, mas não dá pra passar por essa vida sem, pelo menos, experimentar, como fiz com o Reveillon na praia de Copa! Uma vez só, e já tá bom! Rsrsrs ;-)
Este ano entrou na minha lista carnaval em Salvador. Mas não sei se foi um momento de surto pelo Carnaval sem nenhuma emoção. No fim, não sei se vou ter coragem mesmo...
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